quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Flagelação


Cartas rasgadas, o sangue corria frio por minhas entranhas, as pernas estavam bambas, as mãos suavam frios, os lábios cerrados, o coração mal batia.
De joelhos, sentia a água gelada em minhas costas, queimava, ardia e ele lá prostrado me olhado. Sentia que cometerá a maior falha do mundo, ele nem se movia só me olhava com aquele olhar, parecia que queria me punir.
Segurei firme, estiquei os braços, olhei pro alto, primeiro movimento, não senti nada.
Estava escuro, senti suas mãos roçarem em minha pele, você respirava fundo e me tocava. Em minha mão estava a cruz e o espírito. Meu corpo era possuído por um fluído que jamais sentirá.
Gregório sussurrava ao meu ouvido em quanto eu podia sentir você dentro de mim. Escorria de mim algo quente e mortal. Senti a sensação dos anjos em volto a deus.
Jamais permitira ser tocada. Cristo salvador do mundo, por seu sangue em mim, o seu precioso sangue me fez existir.
Segundo movimento, agora mais voraz, mais forte, mais brutal, senti que me cortará. Rasguei parte de mim. O mesmo líquido quente escorria por minhas entranhas.
Não é possível que eu, justo eu me permitirá desfrutar de tal situação. Cristo santo, Salvador.
Terceiro movimento sentiu colar, se adentrou em mim, puxei, pude ver uma parte de mim.
Você não vai se mexer? Não vai parar de me olhar, me diz alguma coisa, fala comigo, por favor!
Quinto, sexto, sétimo e muito outros movimentos me cortavam, me faziam sangrar.
Ele não se mexia ficava parado, forte.

Respirei fundo, mal podia me mover, banhei meu rosto que não moverá uma lágrima, apanhei um pano branco me cobri, fiquei ali jogada ao meu líquido quente, namorando sua face.
Cristo Salvador do Mundo, todo o seu sangue sobre mim, o seu precioso sangue, o seu precioso sangue me fez existir.