quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Salmos 91



Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará.
Direi do SENHOR: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei.
Porque ele te livrará do laço do passarinheiro, e da peste perniciosa.
Ele te cobrirá com as suas penas, e debaixo das suas asas te confiarás; a sua verdade será o teu escudo e broquel.
Não terás medo do terror de noite nem da seta que voa de dia,
Nem da peste que anda na escuridão, nem da mortandade que assola ao meio-dia.
Mil cairão ao teu lado, e dez mil à tua direita, mas não chegará a ti.
Somente com os teus olhos contemplarás, e verás a recompensa dos ímpios.
Porque tu, ó SENHOR, és o meu refúgio. No Altíssimo fizeste a tua habitação.
Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda.
Porque aos seus anjos dará ordem a teu respeito, para te guardarem em todos os teus caminhos.
Eles te sustentarão nas suas mãos, para que não tropeces com o teu pé em pedra.
Pisarás o leão e a cobra; calcarás aos pés o filho do leão e a serpente.
Porquanto tão encarecidamente me amou, também eu o livrarei; pô-lo-ei em retiro alto, porque conheceu o meu nome.
Ele me invocará, e eu lhe responderei; estarei com ele na angústia; dela o retirarei, e o glorificarei.
Fartá-lo-ei com longura de dias, e lhe mostrarei a minha salvação.

Tsunami



Cheguei em casa correndo, joguei as roupas pela cama e corri em direção ao banheiro. Abri a torneira e deixei a água cair, senti como se todo aquele limbo escorresse pelo ralo, percebi que ao esfregar a minha pele havia uma camada grosseira, parecia uma espécie de tinta.

Quanto mais esfregava minha pele mais saia um limbo...

Dia chato, sem graça parecia até que a monotonia se tornava uma doença, sentia que meus movimentos estavam vagarosos e pesados. Imagine um peso brutal?

As minhas mãos queimavam, ardiam como fel, parecia uma corrente de vasos limbosos.

Bati o carro... Tropecei na mesa, ouvi barulhos ensurdecedores, meu coração estava acelerado, minhas pernas latejavam. A cada minuto que se passava, eu me sentia mais mórbida e suja, um calor desgraçado, pessoas chorando, crianças gritando, pedras batendo e aquela brisa seca esturricada que se estendia usava meu cérebro como ponto de chegada.

Por um momento escutei um pingo d’água.

Silenciou tudo, mas o pingo não voltará. Pensei em retroceder o tempo, mas a vontade era maior que a memória que já falhará aos fatos. O dia se estendia feito névoa de poeira num envoltório de ar quente, as pessoas pareciam cair nas ruas de tão seca que elas estavam.

As lágrimas daquele choro viraram pó, não escoriam lágrimas e sim grãos de areia. Todos pareciam estar apressados para chegar, o mar se cessara, as pessoas corriam da ventania de poeira que cegara os olhos...

Mas, um silencio.

Escorria pela parede certa água terrosa, meio liguenta não se escapava das entranhas sozinha, os canos de suas estruturas jorravam tal demência. Parecia loucura o deserto que se instalava.

Cheguei numa esquina e pude ver uma criança aos berros procurando por sua mãe, peguei em sua mão e o carreguei até um posto policial, mas não havia policiais lá apenas estátuas de pedra. Nesse momento a criança saiu correndo assustada, movi meus braços para tentar alcançá-la percebi o quanto meus movimentos eram fragmentados.

Não havia som molhado em lugar algum.

Cheguei em casa correndo, joguei as roupas pela cama e corri em direção ao banheiro. Abri a torneira e deixei a água cair, senti como se todo aquele limbo escorresse pelo ralo, percebi que ao esfregar a minha pele havia uma camada grosseira, parecia uma espécie de tinta.

Aquela tinta arenosa fora se espedaçando a cada gota d’água que caía sobre mim, sentiu-me lavada, molhada num tormento tão existencial de orgasmática situação. Algo escorrerá por minhas pernas e aquele silêncio se tornou uma cachoeira em meu corpo.